19.9.05

O CFM na contra-mão da História


A tentativa de estabelecer comando sobre o conjunto de profissionais da saúde tem levado conselheiros e colaboradores do CFM a cometer absurdos que estão publicados na homepage daquela autarquia. É grave utilizar-se de recursos públicos para cometer tanto desrespeito aos profissionais e à sociedade brasileira, utilizando armadilhas retóricas para tentar convencer a todos; espera-se que apenas os desavisados e os indoutos mordam a isca.

Vejamos os absurdos mais recorrentes:

1. Divulgam artigos tentando esclarecer “o que não é medicina”, como se fosse pejorativo ou desvantagem não ser médico, ou ainda, induzem um jogo de palavras levando os leitores a suspeitar de que os profissionais de saúde desejassem fazer medicina ou ser médicos.

2. Chamam o fisioterapeuta, o psicólogo, o fonoaudióglogo e demais profissionais de saúde de “Profissionais de saúde não-médicos”. O Conselho Nacional de Saúde reconhece 14 profissões da área da saúde mas nunca se referiu às mesmas como “não-medicina”. Todas têm nome. Trata-se de exuberante narcisismo classificar os profisisonais como médicos e não-médicos. Existiriam os fisioterapeutas e os não-fisioterapeutas? Aí os médicos bateriam todos os recordes de titulação: seriam não-fisioterapeutas, não-enfermeiros, não-fonoaudiólogos, não-psicólogos. Corporativismo descabido.

3. “O mero esforço de tratar um enfermo não é Medicina”. Outra obviedade; todos sabem que não é. Tratar com ações de enfermagem é enfermagem, tratar com ações fisioterapêuticas é Fisioterapia, enfim, nenhum destes outros atores da saúde têm pretensões, que não aquelas alvo de suas próprias intervenções.

4. “O esforço que um profissional não-médico faça para tratar alguém, mesmo que eficaz, honesto e bem intencionado, não é Medicina”

5. “Nem todo diagnóstico é diagnóstico médico” (...) “Em primeiro lugar, é necessário divulgar que nenhuma das outras profissões da área de saúde, à exceção da Odontologia, possui a prerrogativa de diagnosticar doenças.”

6. “Fonoaudiologia, fisioterapia e terapêutica ocupacional não são medicina”. É desnecessário e desonesto tentar manipular o senso comum, uma vez que tais profissões ocupam seus próprios espaços e não têm pretensões de exercer a Medicina.

7. “A psicologia não é a medicina da mente”. Segue o mesmo mote.

Portanto, a política do CFM de utilizar procedimento depreciativo como pude presenciar por diversas vezes em fóruns nacionais e no próprio site do CFM como ilustrado acima, pelos senhores Dr. Mauro Brandão (RJ) e Dr. Edson de Oliveira Andrade (AM) em cândido discurso, é anti-social, anti-profissional e semeadora de discórdia entre as corporações profissionais. Tentam ludibriar congressistas e a população brasileira nesta neurose persecutória de que todos estariam tentando usurpar a profissão médica. Beira a histeria coletiva.

Repetem verdades estabelecidas como se fossem novidades preconizadas pelo próprio CFM, dando um ar de desconfiança à ação do conjunto de profissionais de saúde, tentando minimizar a importância destes ou depreciá-los.

Felizmente tal comportamento não reflete a postura dos bons médicos brasileiros e que empreendem esforços no bem social que podem propiciar à sua clientela. Ações multiprofissionais de saúde, se bem administradas, contribuem para a melhor e mais rápida recuperação dos pacientes.

É dever de todos os profissionais de saúde respeitar os demais profissionais, reconhecendo suas tipicidades assistenciais com decência e urbanidade.

Lastimamos a postura atual do CFM de triste embuste retórico e social.

18.9.05

O Congresso Nacional faz reserva de mercado?

O limite entre a insanidade e a reserva de mercado parece ter desaparecido. Circulou em diversas listas na semana passada a proposta do CFM para a Senadora Lúcia Vânia sobre o PL 025 (Ato Médico).

Art. 4- São Ato privativos dos médicos:
I- formulação do diagnóstico sindrômico e nosológico e sua respectiva prescrição terapêutica;

II- a prescrição terapêutica medicamentosa ou de qualquer substância similar de ação local ou sistêmica no organismo humano;

III- a indicação de cirurgia, sua realização e a prescrição dos cuidados médicos pré e pós-operatórios;

IV- a indicação de procedimentos invasivos: diagnósticos, terapêuticos e estéticos, incluindo os acessos vasculares profundos, as biópsias e as endoscopias;

V- a intubação naso e orotraqueal, o controle da ventilação pulmonar e a instalação e a retirada de equipamentos de respiração artificial;

VI- a sedação profunda, os bloqueios anestésicos e a anestesia geral;

VII- o laudo dos exames endoscópicos, invasivos e de imagem, bem como dos demais exames complementares que exijam formação médica específica para sua realização;

VIII- a indicação de proteses e/ou órteses;

IX- a determinação do prognóstico;

X- a admissão e a alta de pacientes dos serviços de atenção à saúde;

XI- realização de perícia e exames médicos-legais;

XII- a atestação de condições de saúde, deficiência, doença, e de óbito;

XIII- a direção técnica dos estabelecimentos de saúde onde se pratica a Medicina;


São absurdos inomináveis! Diagnóstico, Prognóstico, Admissão, Alta, Atestação, indicação de próteses e órteses, laudos de exames complementares, indicação de cuidados pré e pós-operatórios...

É inimaginável a renúncia às prerrogativas contidas nas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Fisioterapia que estabelecem o oposto desta absurda proposta. Afinal, o fisioterapeuta, profissional que estuda, previne e trata os distúrbios da cinesia humana, teria que pedir licença ao médico do paciente para prescrever e administrar suas interevenções?

Desta vez o CFM enlouqueceu. Felizmente, a expressiva maioria dos médicos brasileiros não apoia tal despropósito.

Este momento é particularmente importante. Até porque existem alguns entes no meio da Fisioterapia que jogam no outro time, como o exemplo do presidente do CREFITO do Estado de São Paulo, pretenso líder de classe, que recentemente assinou documento conjunto com o presidente do CREMESP em apoio ao projeto de lei do "Ato Médico".

O momento exige limpeza! Que não se permita a prova do veneno da subalternidade.

Parceria, sim!

Como superar o caos político?

Tomei a iniciativa de registrar este blog para viabilizar um canal que conte com profissionais sérios e que possam contribuir para o desenvolvimento social e científico da Fisioterapia brasileira.

Num momento em que forças externas e anti-sociais tentam fazer aprovar medidas restritivas contra os profissionais da saúde, em especial, ao fisioterapeuta, levantamos o desafio para o fortalecimento da Sociedade Brasileira de Fisioterapia - SBF, momento em que encontramos um conselho federal pouco articulado, perseguições a profissionais sérios em Belém, Brasília e outros locais, ataques externos de outras corporações que contam com aliados na Fisioterapia e que merecem ser denunciados para que, de forma responsável, seja possível a construção de novas lideranças políticas profissionais que efetivamente sejam contributivas à Fisioterapia e à sociedade.

Estamos nos aproximando do 2o. Congresso Internacional de Fisioterapia a ocorrer em Fortaleza, de 5 a 8/10/2005, e que, simultaneamente, organiza-se um congresso apócrifo, dito "brasileiro" sendo sequência de 15 outros que nunca existiram, riscando uma história, e ainda mais, um congresso "nacional", promovido por IES nordestina, também sem credencial de entidade de classe.

Vemos, com muita satisfação, a SBF, neste momento fortalecida por profissionais sérios e comprometidos com a ética e com a dignidade e que estão investindo seus esforços para a construção de uma nova e fortalecida Fisioterapia.